A possível taxação de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acendeu o alerta entre produtores e exportadores do agronegócio na Zona da Mata mineira. A região, reconhecida nacional e internacionalmente pela produção de café, pode ser diretamente afetada caso a medida seja concretizada.
Minas Gerais figura entre os principais exportadores do Brasil para os Estados Unidos, tendo embarcado mais de US$ 2,4 bilhões em produtos para o mercado norte-americano apenas entre janeiro e junho de 2025. Desse montante, cerca de US$ 1 bilhão foram gerados pelo agronegócio, com destaque para o café, carne bovina, produtos florestais, derivados de frutas e mel.
Na Zona da Mata, o impacto da taxação pode ser especialmente duro. O município de Manhumirim, por exemplo, exportou US$ 59,4 milhões no primeiro semestre deste ano e ocupa a quinta colocação no ranking estadual de exportação de café, com 1,56 milhão de sacas enviadas ao exterior, gerando receita de mais de US$ 411 milhões.
Outros municípios da região também se destacam nas exportações e estão sob risco. Espera Feliz aparece em sexto lugar no ranking estadual, com 1,35 milhão de sacas exportadas, somando US$ 329,9 milhões. Logo em seguida, Manhuaçu ocupa a sétima posição, com 1,3 milhão de sacas e US$ 317 milhões em receitas.
A medida anunciada por Trump pode comprometer a competitividade do café brasileiro no mercado norte-americano, um dos principais destinos do produto. Especialistas alertam que, com a tarifa extra, o preço final para o consumidor nos EUA pode aumentar, abrindo espaço para concorrentes de países como Colômbia, Vietnã e Etiópia.
Além do prejuízo direto aos exportadores, a taxação pode afetar também a cadeia produtiva e as economias dependentes do café.